Agora é a vez do viajante musical nos dizer um pouco quem é
e o porquê o som dele é vibrante. Em um papo bem bacana e solto, Guto Ferreira
soltou o verbo sobre sua carreira, cena autoral e o que vem por ai!
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Eu comecei a trabalhar com música
na rua né. Antes só
tocava por hobby e pouco. No ano de 2012, já na
Bolívia, encontro um irmão argentino, Agustín, e com
ele desenvolvi a técnica e desenvoltura de calçadões
e ônibus de Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Saí do Brasil como
artesão e de bicicleta. Volto ao Brasil músico e de ônibus (ou carona). Já de
volta ao Brasil, eu passo a focar mais em uma outra paixão que tenho, que é o
circo, e daí passo a tirar meu sustento. Mas a música não fica fácil esquecida.
Passei a pesquisar mais, e me interessar por escrever e musicalizar minhas
letras, mas sem qualquer pretensão de um dia grava-las. Isso até conhecer o Ni (produtor
Nicholas Emmanuel), ano passado, e ele me convidar pra gravar. Eu não entendi
nada a princípio. Como assim? Minhas músicas? Sério? E ele super me
incentivando e tal. Entrei nessa barca todo entusiasmado e cheio de energia.
Gravamos duas faixas: um samba e um rap. Gostei do resultado e achei que era
isso. Mas não. Esse ano o ni me convida novamente. Desta vez um pouco mais
sério, gravar um EP Uma música já
tinha toda construída, mas as outras todas foram
criadas nesse processo. Uma música que
fala sobre viajar, outra fala sobre queda e ascensão. E assim vai. Todo o
processo de gravação foi feito na "casinha da bh".
Quem é Guto ferreira e o que tem por trás dele
Eu brinco de tocar
desde criança. Costumo brincar que meu
primeiro time de futebol foi também meu primeiro grupo...rs Pagode é claro.
Criançada, futebol e um pandeiro e já tava feita a alegria. Mas com o tempo fui
deixando o prazer de tocar de lado. Compromissos e caminhos que a vida te impõe
vão te afastando dos teus prazeres. Mas quando comecei a viajar de bike sem pressa e sem compromissos, tudo voltou, e da maneira mais linda. Estava descendo pro Uruguai com o Hector, e ambos loucos por um violão pra acompanhar nosso pandeiro solitário. Quando conhecemos um rapaz em Pelotas que nos presenteou com seu violão. Ahhhh isso me inspirou demais. Passamos felizes o verão no Uruguai esse ano. Mas tivemos que nos separar, Hector e eu, pois eu voltaria pro Brasil e ele permaneceria no Uruguai. O violão acabou com ele, e eu voltei pro Brasil na missão de fazer a grana pra comprar um violão. Mas não é que o destino queria que eu tocasse mesmo. Poucos meses depois, tentando chegar no litoral norte de São Paulo pro carnaval, já na rodoviária de Bauru, enquanto tocava passando o chapéu mais a Isa e o Agustín, um cara veio até a gente e perguntou se tocávamos corda de aço. Respondemos que sim e ele disse que queria ouvir um Bob Marley. Tocamos com o maior prazer. E qual foi a contribuição no chapéu desse cara? O violão. Sim, o violão. Daí não pude parar mais com a música né. E tudo que escrevo é o que vivencio ou vejo por onde passo todos esses anos.
vão te afastando dos teus prazeres. Mas quando comecei a viajar de bike sem pressa e sem compromissos, tudo voltou, e da maneira mais linda. Estava descendo pro Uruguai com o Hector, e ambos loucos por um violão pra acompanhar nosso pandeiro solitário. Quando conhecemos um rapaz em Pelotas que nos presenteou com seu violão. Ahhhh isso me inspirou demais. Passamos felizes o verão no Uruguai esse ano. Mas tivemos que nos separar, Hector e eu, pois eu voltaria pro Brasil e ele permaneceria no Uruguai. O violão acabou com ele, e eu voltei pro Brasil na missão de fazer a grana pra comprar um violão. Mas não é que o destino queria que eu tocasse mesmo. Poucos meses depois, tentando chegar no litoral norte de São Paulo pro carnaval, já na rodoviária de Bauru, enquanto tocava passando o chapéu mais a Isa e o Agustín, um cara veio até a gente e perguntou se tocávamos corda de aço. Respondemos que sim e ele disse que queria ouvir um Bob Marley. Tocamos com o maior prazer. E qual foi a contribuição no chapéu desse cara? O violão. Sim, o violão. Daí não pude parar mais com a música né. E tudo que escrevo é o que vivencio ou vejo por onde passo todos esses anos.
O que acha do cenário da música autoral principalmente de
Maringá
A cena autoral como um todo já é fraca né. Ver um monstro como Kiko
Dinnuci dizer que não é fácil viver de arte em São Paulo é de chorar. Se pro Kiko tá difícil
imagine pra nós...rs
Maringá tem pouquíssimo espaço pro autoral né. Já teve melhor. Lembro de ver surgindo Sollado B, Anônimos, Cidade Verde, Melodia Preto Band, Mestre Ouriço. Algumas acabaram, outras saíram da cidade pra levantar vôos maiores, e quem fica acaba numa cena que pouco valoriza o autoral. Pra mim então que fiquei um tempo largo viajando e voltei a pouco pra Maringá, nem se fala. Vou te dizer que tá valendo mais tocar na rua do que perder tempo atrás de agradar empresário. Esqueci de citar Stolen Byrds né, muita coisa já rolou por aqui, e está rolando cada vez mais.
Maringá tem pouquíssimo espaço pro autoral né. Já teve melhor. Lembro de ver surgindo Sollado B, Anônimos, Cidade Verde, Melodia Preto Band, Mestre Ouriço. Algumas acabaram, outras saíram da cidade pra levantar vôos maiores, e quem fica acaba numa cena que pouco valoriza o autoral. Pra mim então que fiquei um tempo largo viajando e voltei a pouco pra Maringá, nem se fala. Vou te dizer que tá valendo mais tocar na rua do que perder tempo atrás de agradar empresário. Esqueci de citar Stolen Byrds né, muita coisa já rolou por aqui, e está rolando cada vez mais.
O que o seu som pode atingir nas pessoas
Meu som retrata
minha vivência. Viajante, artista de rua,
observador e absorvedor das culturas e cotidianos por onde passo. Acredito que
ao ouvir as pessoas vão conseguir viajar junto comigo um pouco. E é isso que
quero transmitir pro meu público. Que as pessoas acreditem nos seus sonhos e
sejam sinceras consigo mesmas. E foco na missão.
E que as quedas nos engrandece. Sejam elas causadas por forças alheias a nós,
ou causadas por nós mesmos. O importante é se levantar. Isso é muito do que
quero transmitir com minha música.
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