Lançando essa proposta de matérias, onde vou buscar
vozes potentes no meio musical e excitar elas a soltarem o verbo dos assuntos que
mais precisam ser debatidos no momento, englobando claro cultura, musica e tudo
mais. A primeira voz é Luiz Miguel, baixista da banda Fusage, vive com a arte e
vibra em sua alma o basquete. Então vem conosco nessa nova proposta, e aprecie a língua
afiadíssima desse cara!
Sua história pessoal e na musica
"Sou Luiz Miguel da Costa Neto (nome do meu avô) tenho 30
anos, Design Gráfico e Diretor de arte, baixista na Fusage e amante de basquete,
cerveja e café. Cara, minha história com a Fusage é algo da hora demais, até
porque eu e o Douglas (Vocalista) já nos conhecíamos das antiga, somos de
Naviraí-MS, a gente teve banda na mesma época em Naviraí e tínhamos vários
amigos em comum e nessa ai a vida deu conta de cruzar nossos caminhos aqui em
Maringá, a ideia inicial da banda foi do Douglas, ele tava fervoroso assim que
voltou da Irlanda, me chamou várias vezes pra colar no estúdio e tirar um som
mas eu não tava muito na vibe de tocar, eu tava bem focado na Faculdade de
Publicidade e Propaganda que eu acabei trancando no último ano. Até que teve um dia que eu aceitei e fui no estúdio pra ver
o que ia rolar, acabei brisando demais, foi quando ele chegou e falou “ Ta afim de fazer parte da banda?” ai eu
acabei assumindo esse compromisso. E tem sido algo muito fodaa, sério, o que eu pude
experienciar com a banda ou melhor família, é algo surreal, as viagens, a
galera, a energia que a gente pode trocar tanto com público em cima do palco
quanto as pessoas boas que encontramos ao longo desse período de banda, é
sinistro. Bom acho que meu som vem sempre do momento que estamos
passando, sou muito de tentar sentir a vibe do momento, as vezes mais agressivo
e as vezes mais “deboista” eu sou de escutar muita coisa, quando
criança tinha muita influência direta da minha mãe Dona Maria que já cantou em
banda baile durante um tempo, ela sempre colocava vários CD’s pra tocar,
Djavan, Tim Maia, Eliana de Lima, Phill Collins, Raça Negra… entre outros, Na
adolescência era mais revolts kkkkk, ouvi muito, Slipknot, Mudvayne, System of
Down… Só que esse período todo eu era muito mais influenciado pelo Hip Hop por
conta do basquete, eu só usava roupas gigantescas, tênis branco, camiseta branca,
trancinhas no cabelo, sempre no estilo gangsta rap kkkkkkkkk (bons tempos).
Então acho que meu som tenta beber de várias fontes mas não tem nada específico,
uma mistura do caralho que até está dando certo. Eu cursei publicidade e propaganda mas não concluí, no
segundo ano eu sentia a necessidade de entrar logo no mercado de trabalho e
nessa, as pessoas exigiam a experiência com os softwares de criação, ai comecei
a aprender por conta mesmo, eu sempre falo que essa profissão me escolheu. Eu
vejo uma importância tão grande na publicidade e propaganda, pois ela é capaz
de mudar padrões e conceitos que estão enraizados dentro de uma sociedade, é
capaz de trazer a representatividade para minorias. Eu como homem negro atuando
nesse mercado de trabalho sei da minha importância e do meu papel social, então
sempre que posso tento contribuir com a representatividade do negro em peças
publicitárias e assim tenho seguido. Hoje em dia estou muito focado em criar
Identidades visuais( Marca, logo) faço alguns cursos tenho estudado e buscado
aperfeiçoar meu trabalho cada dia mais."
A vida durante a pandemia
"Cara essa pandemia realmente deixou tudo a flor da pele, mas
sigo uma rotina de muito trabalho na verdade, to fazendo Home Office na empresa
que estou trabalhando e nos momentos livres estou tentando usar esse tempo pra
poder melhorar minhas habilidades profissionais, estudando marca,
desenvolvimento, técnicas de criatividade e desenvolver projetos pessoais de
Design, mas também não estou me cobrando muito não. A terapia tem me ajudado bastante com a saúde mental no
entanto acho que o que mais está pegando é a saudade da minha mãe e
meu irmão mais novo que moram MS isso ai ta foda irmão. Em relação a saúde
física ta foda acho que corri na primeira semana de pandemia e até hoje não fiz
nada de nada, só bebendo e comendo dentro de casa. Queria muito voltar ao
basquete, mas agora só Deus sabe o que vai ser e quando poderemos jogar novamente
TRISTÃOO com isso."
Governo atual e preconceitos
"Poxa as vezes eu nem consigo expressar todo esse meu
descontentamento com a situação do governo atual brasileiro, penso muito que
com esse presidente no poder ele conseguiu dar voz há pessoas que tinham um
racismo velado e que não expressavam por não ter um “aval” e vejo que o atual
governo tem dado todo esse aval. Eu não faço parte de movimentos sociais negros
nem nada do tipo no entanto eu luto pela causa como eu posso, como eu disse
vejo que a publicidade é uma ferramenta muito importante como representatividade
do povo negro, não é hora de ficar em cima do muro precisamos nos posicionar e
levar a tona todo tipo de preconceito, seja racismo, homofobia, transfobia é
tempo de “FOGO NOS RACISTAS”. Em Maringá eu sofri várias formas de
racismo do tipo “segurar a bolsa quando eu tava
passando” “ ser seguido por segurança de mercado”, sem contar os
olhares ao entrar em lugares “mais sofisticados”. Hoje eu tenho total
consciência do lugar que ocupo mas nem sempre foi assim, antes eu não
frequentava lugares mais sofisticados por conta de se sentir coagido com
olhares que me mediam de cima em baixo, hoje vejo que se eu posso frequentar
lugares assim, porque não matar meu desejos de comer algo que eu tenho vontade,
beber algo que quero experimentar ? Ocupar esses lugares acho que é uma forma
de normalizar essa situação sabe. A situação global mais do que nunca coloca em
pauta tanta coisa, por que depois de tanto tempo com essa
falsa “LIBERDADE” e ainda nos matam a troco de nada, não só na
gringa, no Brasil o índice de morte do homem negro é bizarro, ser negro nessa
sociedade racista é se revoltar com olhares, é ter medo de policia, é saber que
a culpa pode ser jogada no seu colo a todo momento. Então assim socão na boca
de racista e poucas ideia."
Recado de Luiz miguel baixista/Luiz miguel do cotidiano
"Luiz integrante da Fusage PAU NO CU DO BOZONARO QUE JAJA VAI
CAIR , Luiz do cotidiano “A VIDA É MUITO CURTA PARA SER
PEQUENA” Benjamin Disraeli … Assistam o doc brasileiro “EU MAIOR”."
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Fusage é uma baita banda e o Luiz Miguel é um baixista à altura. Sucesso sempre :)
ResponderExcluirFogo nos racistas!
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