terça-feira, 23 de junho de 2020

A carta aberta de Luiz Miguel


Lançando essa proposta de matérias, onde vou buscar vozes potentes no meio musical e excitar elas a soltarem o verbo dos assuntos que mais precisam ser debatidos no momento, englobando claro cultura, musica e tudo mais. A primeira voz é Luiz Miguel, baixista da banda Fusage, vive com a arte e vibra em sua alma o basquete. Então vem conosco nessa nova proposta, e aprecie a língua afiadíssima desse cara!

Sua história pessoal e na musica

"Sou Luiz Miguel da Costa Neto (nome do meu avô) tenho 30 anos, Design Gráfico e Diretor de arte, baixista na Fusage e amante de basquete, cerveja e café. Cara, minha história com a Fusage é algo da hora demais, até porque eu e o Douglas (Vocalista) já nos conhecíamos das antiga, somos de Naviraí-MS, a gente teve banda na mesma época em Naviraí e tínhamos vários amigos em comum e nessa ai a vida deu conta de cruzar nossos caminhos aqui em Maringá, a ideia inicial da banda foi do Douglas, ele tava fervoroso assim que voltou da Irlanda, me chamou várias vezes pra colar no estúdio e tirar um som mas eu não tava muito na vibe de tocar, eu tava bem focado na Faculdade de Publicidade e Propaganda que eu acabei trancando no último ano. Até que teve um dia que eu aceitei e fui no estúdio pra ver o que ia rolar, acabei brisando demais, foi quando ele chegou e falou “ Ta afim de fazer parte da banda?”  ai eu acabei assumindo esse compromisso. E tem sido algo muito fodaa, sério, o que eu pude experienciar com a banda ou melhor família, é algo surreal, as viagens, a galera, a energia que a gente pode trocar tanto com público em cima do palco quanto as pessoas boas que encontramos ao longo desse período de banda, é sinistro. Bom acho que meu som vem sempre do momento que estamos passando, sou muito de tentar sentir a vibe do momento, as vezes mais agressivo e as vezes mais “deboista”  eu sou de escutar muita coisa, quando criança tinha muita influência direta da minha mãe Dona Maria que já cantou em banda baile durante um tempo, ela sempre colocava vários CD’s pra tocar, Djavan, Tim Maia, Eliana de Lima, Phill Collins, Raça Negra… entre outros, Na adolescência era mais revolts kkkkk, ouvi muito, Slipknot, Mudvayne, System of Down… Só que esse período todo eu era muito mais influenciado pelo Hip Hop por conta do basquete, eu só usava roupas gigantescas, tênis branco, camiseta branca, trancinhas no cabelo, sempre no estilo gangsta rap kkkkkkkkk (bons tempos). Então acho que meu som tenta beber de várias fontes mas não tem nada específico, uma mistura do caralho que até está dando certo. Eu cursei publicidade e propaganda mas não concluí, no segundo ano eu sentia a necessidade de entrar logo no mercado de trabalho e nessa, as pessoas exigiam a experiência com os softwares de criação, ai comecei a aprender por conta mesmo, eu sempre falo que essa profissão me escolheu. Eu vejo uma importância tão grande na publicidade e propaganda, pois ela é capaz de mudar padrões e conceitos que estão enraizados dentro de uma sociedade, é capaz de trazer a representatividade para minorias. Eu como homem negro atuando nesse mercado de trabalho sei da minha importância e do meu papel social, então sempre que posso tento contribuir com a representatividade do negro em peças publicitárias e assim tenho seguido. Hoje em dia estou muito focado em criar Identidades visuais( Marca, logo) faço alguns cursos tenho estudado e buscado aperfeiçoar meu trabalho cada dia mais."

A vida durante a pandemia 

"Cara essa pandemia realmente deixou tudo a flor da pele, mas sigo uma rotina de muito trabalho na verdade, to fazendo Home Office na empresa que estou trabalhando e nos momentos livres estou tentando usar esse tempo pra poder melhorar minhas habilidades profissionais, estudando marca, desenvolvimento, técnicas de criatividade e desenvolver projetos pessoais de Design, mas também não estou me cobrando muito não. A terapia tem me ajudado bastante com a saúde mental no entanto acho que o que mais está pegando é  a saudade da minha mãe e meu irmão mais novo que moram MS isso ai ta foda irmão. Em relação a saúde física ta foda acho que corri na primeira semana de pandemia e até hoje não fiz nada de nada, só bebendo e comendo dentro de casa. Queria muito voltar ao basquete, mas agora só Deus sabe o que vai ser e quando poderemos jogar novamente TRISTÃOO com isso."


Governo atual e preconceitos 

"Poxa as vezes eu nem consigo expressar todo esse meu descontentamento com a situação do governo atual brasileiro, penso muito que com esse presidente no poder ele conseguiu dar voz há pessoas que tinham um racismo velado e que não expressavam por não ter um “aval” e vejo que o atual governo tem dado todo esse aval. Eu não faço parte de movimentos sociais negros nem nada do tipo no entanto eu luto pela causa como eu posso, como eu disse vejo que a publicidade é uma ferramenta muito importante como representatividade do povo negro, não é hora de ficar em cima do muro precisamos nos posicionar e levar a tona todo tipo de preconceito, seja racismo, homofobia, transfobia é tempo de “FOGO NOS RACISTAS”. Em Maringá eu sofri várias formas de racismo  do tipo “segurar a bolsa quando eu tava passando”  “ ser seguido por segurança de mercado”, sem contar os olhares ao entrar em lugares “mais sofisticados”. Hoje eu tenho total consciência do lugar que ocupo mas nem sempre foi assim, antes eu não frequentava lugares mais sofisticados por conta de se sentir coagido com olhares que me mediam de cima em baixo, hoje vejo que se eu posso frequentar lugares assim, porque não matar meu desejos de comer algo que eu tenho vontade, beber algo que quero experimentar ? Ocupar esses lugares acho que é uma forma de normalizar essa situação sabe. A situação global mais do que nunca coloca em pauta tanta coisa, por que depois de tanto tempo com essa falsa  “LIBERDADE” e ainda nos matam a troco de nada, não só na gringa, no Brasil o índice de morte do homem negro é bizarro, ser negro nessa sociedade racista é se revoltar com olhares, é ter medo de policia, é saber que a culpa pode ser jogada no seu colo a todo momento. Então assim socão na boca de racista e poucas ideia."

Recado de Luiz miguel baixista/Luiz miguel do cotidiano

"Luiz integrante da Fusage PAU NO CU DO BOZONARO QUE JAJA VAI CAIR , Luiz do cotidiano  “A VIDA É MUITO CURTA PARA SER PEQUENA” Benjamin Disraeli … Assistam o doc brasileiro “EU MAIOR”."


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