quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A carta aberta de Lidia Pessoa

Mais uma carta aberta, dessa vez com a Lidia, baixista da banda Binarious que tem uma veia musical muito forte desde sua infância, além de trazer a entonação que precisamos e alavancar cada vez mais a arte no nosso universo. Então se aconchegue e aproveite essa matéria que ficou fina demais!

História pessoal e na música

"A minha relação com música começou muito cedo. Sou a caçula e tenho uma irmã e um irmão que começaram a estudar música bem cedo e já me influenciaram a entrar nesse universo. Seguindo a mesma estrada dos meus irmãos, com 12 anos, eu entrei na Escola de Música de Brasília. Era nova e não sabia qual instrumento eu realmente queria, lembro que as meninas na época tocavam violino ou flauta transversal, eu escolhi a flauta transversal. Mas em 2 anos eu abandonei, entendi que aquele não era o meu instrumento e com 15 anos escolhi o contrabaixo pra vida. Comecei tocando com amigos pra me divertir, e com 17 anos, fui chamada para integrar uma banda que começava com grandes ambições, o Sentupé. Éramos quatro integrantes, e eu bem mais nova que todos. Fazíamos muitos shows, ensaios constantes pra deixar tudo bem redondo, planejamentos consistentes em cada fase que a banda entrava. Gravamos 2 cds demos e nosso primeiro disco saiu em 2002. Conquistamos um grande público em Brasília e como próximo passo dos nossos planos, saímos de Brasília para alcançar novos territórios. Fomos pra Porto Alegre, mas em 1 anos a banda se desfez, e cada foi pra um canto do país. Eu fiquei em Porto Alegre pra terminar a faculdade de publicidade. Por alguns anos acompanhei a banda gaúcha Tom Bloch nos shows que faziam na capital gaúcha, junto com o Iuri Freiberger, Pedro Veríssimo e Ray Zimmer. Gravei um clipe com eles da música "Entre nós Dois". Uma banda que sou muito fã até hoje. Em novembro do ano passado, fui convidada pra participar do show de 20 anos da banda, realizado no Bar Ocidente e foi uma experiência incrível estar no palco com eles novamente. Por muito tempo fiz parte de bandas covers por falta de tempo pra me dedicar à uma banda autoral. Tocar covers sempre foi muito divertido e me manteve sempre ativa e nos palcos. Já montei bandas covers de: The Cure, Green Day, Alanis Morissette, Foo Fighters, The Hives e Indie Rock. Assim que voltei a morar em Brasília, entrei na Escola de Música de Brasília, e dessa vez pra fazer o instrumento certo: o Contrabaixo Acústico. Logo depois montei uma banda de versões em jazz de clássicos do rock e pop. Se chamava Pingado Jazz. O baterista, Bruno Zaban, insistiu pra que eu cantasse também, mesmo muito insegura comecei a me soltar pra cantar e não quero parar mais! Você criou um monstro Zaban. Ainda no contrabaixo acústico, corri para o folk com um tributo de Johnny Cash, junto com grandes amigos e músicos de Brasília: Fill Braga, Hélio Miranda, Adriah, Carlos Beleza. A saudade aperta forte desse projeto, mas ele tá sempre ali pronto pra voltar aos palcos. Ano passado, a guitarrista e vocalista Andressa Munizo me convidou para entrar na banda Binarious. A gente teve sintonia logo de cara, tanto musical, quanto na parceria e na forma de trabalhar. Fizemos vários shows antes da pandemia mudar nossos planos. Durante a pandemia lançamos nossa versão pra música da Tuyo, Vida Loca, junto com um clipe feito de forma colaborativa e caseira com amigos. E já estamos com planos pra 2021 e compondo para o próximo EP. Fora dos palcos, minha paixão pela música e pelo jazz me fez produtora cultural quando fundei o Jazz no Porão. A ideia foi tirar o jazz de pano de fundo, como eu via constantemente em bares, e trazer como protagonista e grande estrela da noite. Durante 2019 foram edições mensais na Cervejaria Criolina, sempre com casa cheia e músicos incríveis no palco. Foi um ano bom demais."

Pandemia e lições

"Paralelamente aos trabalhos musicais, bandas, produções culturais eu trabalho com publicidade, sou diretora de arte. Nas agências de publicidade o trabalho tem sido intenso no home office, o que acaba não sobrando muito tempo livre mesmo em isolamento social. O Jazz no Porão foi forçado a parar e as bandas também, com exceção da Binarious que segue em produção mesmo remotamente. Então aproveitei pra estudar no meu tempo livre, quem sabe eu saio falando francês dessa quarentena. ;) "

O mundo a sua volta e o que está acontecendo

"Acho que estamos em um momento que todas as minorias estão ganhando mais voz, seja pelo poder de alcance que a internet nos proporciona ou pelo apoio que temos nos dados uns aos outros. Falando especificamente sobre a equidade de gênero, nunca vivi um momento na minha vida com tantas mulheres se levantando tanto. Fico emocionada como essa rede que ganha força a cada dia, conquistando espaço e fortalecendo um movimento muito importante pra conquistarmos direitos iguais. Mesmo em pandemia, segue o mantra: ninguém solta a mão de ninguém. É só passar um alquingél antes. Porque precisamos mais do que nunca do apoio e força um dos outros, considerando o governo que temos hoje e só dificulta nossas lutas."

Deixe um recado com Lidia musicista e Lidia do cotidiano 

"O meu recado ao mundo é que se você quer algo, corre atrás! Se arrisca, sem medo ou com medo, mas se joga. Para as mulheres da música, eu digo #ToqueComoUmaGarota e bora juntas nessa jornada pra aumentar a presença feminina nos palcos, nos festivais, enfim, na música."


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Fotos: Pedro Ribas; Camila Mazzini; Daniel Sasso.

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