Mais uma carta aberta, dessa vez com a Lidia, baixista da banda Binarious que tem uma veia musical muito forte desde sua infância, além de trazer a entonação que precisamos e alavancar cada vez mais a arte no nosso universo. Então se aconchegue e aproveite essa matéria que ficou fina demais!
História pessoal e na música
"A minha relação com música começou muito cedo. Sou a caçula
e tenho uma irmã e um irmão que começaram a estudar música bem cedo e já me
influenciaram a entrar nesse universo. Seguindo a mesma estrada dos meus
irmãos, com 12 anos, eu entrei na Escola de Música de Brasília. Era nova e não
sabia qual instrumento eu realmente queria, lembro que as meninas na época
tocavam violino ou flauta transversal, eu escolhi a flauta transversal. Mas em
2 anos eu abandonei, entendi que aquele não era o meu instrumento e com 15 anos
escolhi o contrabaixo pra vida. Comecei tocando com amigos pra me
divertir, e com 17 anos, fui chamada para integrar uma banda que começava com
grandes ambições, o Sentupé. Éramos quatro integrantes, e eu bem mais nova que
todos. Fazíamos muitos shows, ensaios constantes pra deixar tudo bem redondo,
planejamentos consistentes em cada fase que a banda entrava. Gravamos 2 cds
demos e nosso primeiro disco saiu em 2002. Conquistamos um grande público em
Brasília e como próximo passo dos nossos planos, saímos de Brasília para
alcançar novos territórios. Fomos pra Porto Alegre, mas em 1 anos a banda se
desfez, e cada foi pra um canto do país. Eu fiquei em Porto Alegre
pra terminar a faculdade de publicidade. Por alguns anos acompanhei a
banda gaúcha Tom Bloch nos shows que faziam na capital gaúcha, junto com o Iuri
Freiberger, Pedro Veríssimo e Ray Zimmer. Gravei um clipe com eles da música
"Entre nós Dois". Uma banda que sou muito fã até hoje. Em novembro do
ano passado, fui convidada pra participar do show de 20 anos da banda,
realizado no Bar Ocidente e foi uma experiência incrível estar no palco com
eles novamente. Por muito tempo fiz parte de bandas covers por falta de
tempo pra me dedicar à uma banda autoral. Tocar covers sempre foi muito
divertido e me manteve sempre ativa e nos palcos. Já montei bandas covers de:
The Cure, Green Day, Alanis Morissette, Foo Fighters, The Hives e Indie Rock. Assim
que voltei a morar em Brasília, entrei na Escola de Música de Brasília, e dessa
vez pra fazer o instrumento certo: o Contrabaixo Acústico. Logo depois montei
uma banda de versões em jazz de clássicos do rock e pop. Se chamava Pingado
Jazz. O baterista, Bruno Zaban, insistiu pra que eu cantasse também, mesmo
muito insegura comecei a me soltar pra cantar e não quero parar mais! Você
criou um monstro Zaban. Ainda no contrabaixo acústico, corri para o folk
com um tributo de Johnny Cash, junto com grandes amigos e músicos de Brasília:
Fill Braga, Hélio Miranda, Adriah, Carlos Beleza. A saudade aperta forte desse
projeto, mas ele tá sempre ali pronto pra voltar aos palcos. Ano passado, a
guitarrista e vocalista Andressa Munizo me convidou para entrar na banda
Binarious. A gente teve sintonia logo de cara, tanto musical, quanto na
parceria e na forma de trabalhar. Fizemos vários shows antes da pandemia mudar
nossos planos. Durante a pandemia lançamos nossa versão pra música da Tuyo,
Vida Loca, junto com um clipe feito de forma colaborativa e caseira com amigos.
E já estamos com planos pra 2021 e compondo para o próximo EP. Fora dos palcos,
minha paixão pela música e pelo jazz me fez produtora cultural quando fundei o
Jazz no Porão. A ideia foi tirar o jazz de pano de fundo, como eu via
constantemente em bares, e trazer como protagonista e grande estrela da noite.
Durante 2019 foram edições mensais na Cervejaria Criolina, sempre com casa
cheia e músicos incríveis no palco. Foi um ano bom demais."
Pandemia e lições
"Paralelamente aos trabalhos musicais, bandas, produções culturais eu trabalho com publicidade, sou diretora de arte. Nas agências de publicidade o trabalho tem sido intenso no home office, o que acaba não sobrando muito tempo livre mesmo em isolamento social. O Jazz no Porão foi forçado a parar e as bandas também, com exceção da Binarious que segue em produção mesmo remotamente. Então aproveitei pra estudar no meu tempo livre, quem sabe eu saio falando francês dessa quarentena. ;) "
O mundo a sua volta e o que está acontecendo
"Acho que estamos em um momento que todas as minorias estão ganhando mais voz, seja pelo poder de alcance que a internet nos proporciona ou pelo apoio que temos nos dados uns aos outros. Falando especificamente sobre a equidade de gênero, nunca vivi um momento na minha vida com tantas mulheres se levantando tanto. Fico emocionada como essa rede que ganha força a cada dia, conquistando espaço e fortalecendo um movimento muito importante pra conquistarmos direitos iguais. Mesmo em pandemia, segue o mantra: ninguém solta a mão de ninguém. É só passar um alquingél antes. Porque precisamos mais do que nunca do apoio e força um dos outros, considerando o governo que temos hoje e só dificulta nossas lutas."
Deixe um recado com Lidia musicista e Lidia do cotidiano
"O meu recado ao mundo é que se você quer algo, corre atrás!
Se arrisca, sem medo ou com medo, mas se joga. Para as mulheres da música,
eu digo #ToqueComoUmaGarota e bora juntas nessa jornada pra aumentar a
presença feminina nos palcos, nos festivais, enfim, na música."
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