Vamos chegando que dessa vez a carta aberta é com um dos caras de espirito elevado ao máximo, e uma das figuras musicais que mais impressiona a sua sensatez e audácia nas palavras a atitudes. O Douglas é Vocalista e guitarrista da banda Fusage, e veio soltar o verbo conosco!
História pessoal e na música

A vida durante a pandemia
Humanidade e os problemas do cotidiano
"'É muito difícil hoje em dia quem consiga
olhar para a humanidade e sentir Humanidade. A gente convive com Fake News já
faz muito tempo, mas uma outra parcela da sociedade, pessoas de várias idades, não
só o típico ‘tiozão do zap’, mas de posições conservadoras no geral; para esse
público essa disseminação de mentiras tem sido o artificio capaz de validar
seus privilégios, preconceitos, atrasos sociais, injustiças, etc., sempre
provocando medo, incentivando o caos, a violência gratuita. Eles tripudiam a
ciência, seja a área que for, se recusam a ter um debate racional e quando
tentam é sempre com discursos vazios, argumentos sem pé nem cabeça, não tem
diálogo. Essa massificação da informação é produto de um modelo político,
econômico e social desequilibrado; fadado ao colapso. Eu
enxergo mais ou menos como o professor Domenico De Masi, no livro O Ócio
Criativo: Ele afirma que os últimos dez anos do século XX foram marcados pela
forte atuação do liberalismo e o discurso amplamente propagado por essa frente que
ataca tudo o que é público. Primeiro sucateando os serviços e infraestrutura e
em seguida inflamando críticas para desvalorizar empresas estatais no geral, áreas
de transporte, ensino, comunicação, eletricidade, recentemente até mesmo os
recursos hídricos. Se valendo dessa estratégia, a elite nos vende as
privatizações principalmente dos setores mais lucrativos da economia e
geralmente necessidades básicas do povo. Compram empresas estatais e vencem
licitações de concessão de serviços por um preço muito a baixo do mercado e
ainda obtém investimentos do próprio governo em forma de incentivos fiscais,
financiamentos a perder de vista, concessões de décadas e mais décadas, enfim,
só vantagens. A
gente vive isso com a empresa de transporte público de Maringá, numa menor
escala, mas população toda sabe, e é um puta atraso. No fim das contas ainda
existe o discurso de se investir nas grandes empresas privatizadas para gerar
mais empregos e aquecer a economia e por melhores que pareçam os resultados,
eles são pontuais, não há solução permanente enquanto insistirmos num modelo
desequilibrado. As crises voltam e tendem a se tornar mais recorrentes,
desemprego, fome, violência, enfim um abismo socioeconômico que impacta na vida
em todas as suas áreas. O
ponto é que nós estamos vivendo e tendo experiências constantes de demonstrações
de que as coisas precisam mudar. Quando a gente pensa na luta feminista, na
luta contra o racismo, na luta LGBTQ+ e tantas outras mais frentes que só
exigem respeito, dignidade e iguais condições, nos parece que tudo isso é
recente, mas não é. As questões sociais que já clamam respostas e mudanças há
décadas, mas agora estão tendo uma maior exposição e visibilidade
principalmente nos últimos meses por conta da condição atual em que estamos
isolados fisicamente, mas unidos pelos meios de comunicação. Nesse sentido eu
penso que estamos vivendo transições importantes, mas de processos muito
antigos e que levam um certo tempo para se estabelecerem. Numa escada de longo
prazo talvez estejamos vivendo o começo da mudança positiva em muitos setores,
mas dificilmente viveremos para ver o mundo ideal."
Recado do Douglas vocalista da Fusage/ Douglas do cotidiano
"Acho que não há separação entre o Douglas
da Fusage e o do cotidiano, mas há uma diferenciação. O primeiro atua em um
projeto com outras pessoas para expressar e discutir tanto o que ele pensa e
sente quanto o que pensam e sentem os seus irmãos de banda e contribuir de
todas as formas possíveis por meio dessa ferramenta para ajudar/entreter/melhorar/acalentar
a vida das pessoas que a gente atingir. O segundo é uma pessoa normal dentro
das suas esquisitices que procura lidar da forma que pode com essa vida maluca
que a gente compartilha aqui no planeta Terra. O
recado ao mundo é simples. Que tenhamos mais compaixão pelos nossos semelhantes
e por nós mesmos, que tenhamos mais tempo para ficar em silêncio e simplesmente
ouvir. Eu espero que cada um de nós encontre a paz de espírito e serenidade ao
enxergar a vida como uma oportunidade de evolução espiritual em todos os seus
momentos."
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